uma musica para este passeio
chovia torrencialmente, mas isso nao foi pretexto para nao voltar ao père lachaise. uma paragem na h&m para comprar uma capa impermeavel, ja que do hotel à estaçao de rer, e de chapéu de chuva, fiquei a pingar. aquele sitio valia o regresso e valeu as três horas que la passei sem mapa (porque tinham acabado) e so com apontamentos dos nomes e uma fotografia tirada à placa da entrada como unica orientaçao. debaixo daquela terra havia muita gente que me apetecia voltar a ver, embora a ideia de estar por baixo da terra nunca me tenha agradado.
a verdade é que estes grandes jardins cinzentos, também pelo confronto com a realidade, me dao uma sensaçao de serenidade. e o dia foi escolhido para visitar este lugar foi perfeito. queria voltar a ver colette, proust, piaf, wilde, éluard, modigliani, chopin, morrisson, la fontaine, callas, lalique, molière, musset, visconti, bonne maman e outros que nao consegui. também vi chabrol, mas foi por acaso, porque o nome dele nao constava no plano das visitas dos famosos. demorei muito tempo a encontrar modigliani até que uma senhora, que por ali passeava sozinha, me deu indicaçoes e me contou a historia de amor dele com jeanne hébuterne que estava gravida e se suicidou dois dias depois de ele ter morrido. mais tarde voltamos a ficar lado a lado enquanto olhavamos para oscar wilde e aí ela contou-me em segredo que, no mesmo tumulo, esta o seu companheiro, embora o nome dele tenha sido omitido. hoje, wilde esta cercado por um acricilo por terem cortado o sexo à esfinge e por outros vandalismos.
proust foi um dos ultimos da visita, numa campa normal, que passa despercebida, pousava um coraçao feito de pedrinhas que estavam espalhadas pelo chao. e como ainda sobravam algumas e havia um espaço no coraçao, a minha mao também pousou la uma.