cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





2.2.14

lisboa no seu esplendor



gosto de dias em cheio e ontem foi um desses dias. mas tenho pena de nao ter tirado a maquina da mala, é que havia muito que conversar.

acordei cedo, pus-me na banheira, vesti-me e sai. bebi um café no sitio do costume dos sabados e fui passeando pelo bairro. gosto do movimento dos sabado, de ver o que fazem as pessoas, onde vao, de onde vêm. de tentar adivinhar o que vao fazer. entrei na loja dos moveis velhos, mas sai de la de maos a abanar. depois desta petite heure serena apanhei o metro e fui até aos anjos para um compromisso. subi até ao bairro das colonias onde passei muitos dias quando era mais nova. e parece que esses tempos ligariam o meu futuro a este sitio. entrei em casa, com um cheiro que nao era o nosso. a luz estava desligada. abri as janelas de par em par e o sol iluminou o longo corredor. abri as portas da cozinha e do corredor que dao para a varanda e deixei entrar o ar da rua. fiquei la uma hora. fechei a porta e o telefonema matinal levou-me ao café do monte. gosto tanto deste sitio. subi a pé até la a cima, a olhar o bairro com novos e velhos olhos. cheguei. a r. e o n. ja la estavam e logo a seguir chegaram a mushroomdeluxe e o z. a lista propunha uma serie de iguarias e nao resisti ao croque madame. conversamos e pusemo-nos a caminho do martim moniz para ver os festejos do ano novo chinês, o ano do cavalo. a festa estava fraca, os chuviscos levaram-nos a uns comes e bebes e depois levantamo-nos para irmos à casa independente que eu ja tinha ouvido falar imensas vezes, mas nunca la tinha entrado. mas chegamos ao largo do intendente, que esta mesmo bonito, e entramos primeiro na vida portuguesa, onde comprei um calendario de cozinha, deixei la a minha vontade de trazer mais uma série de coisas, e atravessei a estrada. a casa independente estava cheia. cheia porque havia um concerto e cheia de pessoas bonitas. a propria casa é assim… linda, com uma decoraçao retro tao aconchegante. os rapazes estavam la fora a conversar e nos fomos ter com eles. um copo de vinho quente, conversa para aqui e conversa para ali, ja era hora de jantar. a r. dizia que na cova funda, ja ali ao virar da esquina, se comia bem. fomos até la, esperamos esperamos esperamos e viemos embora de papo vazio, porque nao havia meio de vagar uma mesa. estavamos aborrecidos porque nos disseram que so teriamos de esperar 10 minutos e 1 hora depois nada. entao ja nao nos apetecia ir a pé até ao metro e a r. e eu decidimos apanhar um taxi. 
ja nem me lembro como tudo começou, falavamos certamente de restaurantes e onde se come bem e barato. o sr do taxi meteu-se na conversa, na radio ouviamos fado. dali começamos a conversar sobre as casas de fado, do abuso dos preços, da falta qualidade da comida e de como se pagar caro. falavamos de fadistas e às tantas houve um momento de silencio. o sr. do taxi aumentou o som do radio e disse-nos "meninas, se adivinharem quem esta a cantar nao pagam a viagem". a r. arriscou carlos do carmo e o sr. taxista disse que nao era aquele nome mas que tinha carlos. "desistimos", dissemos-lhe. ele ficou em silencio. eu perguntei quem era, entao, e ele nao respondia. entao paramos no sinal ali em sete rios. o sr. ria-se. chegou-nos um cd e perguntou se conheciamos, dissemos que nao. o sr. taxista tirou os oculos, olhou para tras e era o fadista do cd. desatamos numa explosao de risos e exclamaçoes. ele deixou a r. e continou em direcçao a minha casa. conversavamos sobre esta agradavel surpresa e falavamos de como é ser fadista e taxista. houve mais um momento de silencio. ele voltou a levantar o som do radio e disse "menina, este fado é lindo, ora ouça" e foi assim que tive direito a uma viagem de taxi com sessao de fados privada. foi assim... espectacular. e eu que pensava que lisboa quase que ja nao conseguia surpreender-me. pedi o numero de telefone ao sr. é que andar de taxi pela cidade mais bonita do mundo com um fadista a cantar para nos, nao é todos os dias. 

a fotografia la de cima foi a unica imagem possivel para o dia de ontem

Sem comentários: